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terça-feira, 17 de novembro de 2015

(O texto abaixo apresenta, com comentários, exatamente as ideias abordadas no vídeo: 
"Everything We Think We Know About Addiction Is Wrong", do canal: "In a Nutshell – Kurzgesagt")
Você pode ver o vídeo, ou ler o texto, ou os dois. O vídeo segue depois do texto.

Imagem: Marcos Nagelstein. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/). Site: https://www.flickr.com/photos/nagelstein/5761937240
Se a pessoa usa uma droga por uma quantidade X de dias, nos próximos dias seu corpo vai buscar a droga de qualquer jeito, graças às substâncias 'viciantes' presentes na sua composição, certo? Não sei se é bem assim.

Você sabe o que o paciente toma no hospital quando quebra uma perna? Diamorfina.

Você sabe o que é Diamorfina? Heroína. E sim, é uma heroína muito mais forte do que a que um viciado consegue, já que não é contaminada durante a produção. Então, como explicar o porque dessas inúmeras pessoas nos hospitais, recebendo heroína da melhor qualidade, não se viciarem?

Ninguém se torna um viciado por quebrar uma perna, disso todos nós sabemos. Seria trágico levar sua avó no hospital com um osso quebrado e ela voltar viciada não é mesmo?

Vários testes foram realizados no início do século 20, utilizando ratos como cobaias. Colocava-se em uma gaiola, uma garrafa com água normal e outra com água misturada com cocaína ou heroína, e como era de se esperar, o rato só se importava pela água com a droga, e a tomava sempre, até se matar.

Foi Bruce Alexander, um professor de filosofia na década de 70, quem descobriu que o teste podia ser aperfeiçoado. Porque colocar apenas um rato na gaiola? Se o rato está sozinho, o que mais ele tem pra fazer, senão se drogar? Então ele teve a idéia brilhante de criar um playground de ratos, onde vários ratos foram colocados em uma gaiola cheia de brinquedos divertidos (para ratos), desde bolinhas à tubos pra eles atravessarem. E claro, além disso eles tinham companhia, amigos para brincar, e parceiros para cruzar. Ainda assim, havia a garrafa com água normal e a garrafa com a água contaminada com droga. Surpresa, eles quase nunca beberam a água com a droga. Na verdade, mesmo os que beberam, não se tornaram compulsivos ou morreram de overdose. Então você imagina: "Legal, mas são só ratos".

Na verdade, testaram com humanos também. Na guerra do vietnã, 20% das tropas americanas estavam usando heroína, muita heroína, e isso gerou muito pânico, de que os soldados voltariam viciados quando a guerra acabasse. Um estudo acompanhou os soldados até em casa, e olha só, eles pararam de usar a droga quando chegaram em casa, sem reabilitação, sem métodos pra retirada de droga. É um estudo fascinante, de fato.

NBC News - Horst Faas / AP
Isso prova que se você está em um lugar que não quer estar, correndo risco de vida, sendo obrigado a matar, heroína não parece uma má ideia, certo? Mas e quando o quadro muda? Quando você volta pra casa e todos estão lá te esperando de braços abertos, e você não tem mais o que temer? Você foi tirado da gaiola e levado para o playground.

Não é sobre as substâncias químicas da droga, é sobre a sua gaiola. É sobre a necessidade de se conectar com outras pessoas, de estar saudável e de bem consigo mesmo. Quando se entra em um processo auto degenerativo, antissocial, seja por um trauma ou por um problema que parece não ter solução, a necessidade é de se conectar com algo que consiga parar a dor, seja videogames, pornografia, apostas, drogas. Essa é a essência humana, se conectar com algo. Se a pessoa não consegue essa conexão, o vício vem, e toma o que restou de sua vida.

Podemos dizer que hoje as pessoas estão buscando cada vez mais espaço, em suas casas, em suas vidas, e isso substitui os amigos. As pessoas estão buscando estar sempre fazendo alguma coisa, e isso substitui fazer conexões. Sem conexões saudáveis, o que sobra?



Agora vem a parte triste, como a sociedade vê o combate as drogas, é bem diferente do que realmente é, o combate às drogas, é na verdade um combate aos viciados, banindo-os da sociedade. Isso as impede de fazer conexões. Sem conexões, já dá pra saber o que acontece. É como tirá-las de uma situação ruim e colocá-las em outra ainda pior. Jogá-las em gaiolas é a forma de manter a sociedade segura, não é mesmo?

Recuperar um viciado parece um problema individual, mas exige algo muito complexo. Exige uma recuperação da sociedade, que deixou de ser um grupo quando apontou problemas e tirou sua responsabilidade de lidar com eles, de ajudar.

O vício não se resume às drogas, nós vemos isso o tempo todo em qualquer lugar, pessoas com seus smartphones, fones no ouvido, enquanto poderia haver conexão, interação com outras pessoas.

"O oposto de vício, não é sobriedade. O oposto de vício, é conexão." - In a Nutshell    



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Créditos ao canal "In a Nutshell - Kurzgesagt"


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