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sábado, 14 de novembro de 2015

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SOB A LAMA, JAZ A VIDA


"O rio Doce foi um rio brasileiro da Região Sudeste do país, que banhava os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Com cerca de 853 km de extensão, seu curso representa a mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na Região Sudeste. Hoje em dia, é uma poça de lama." - Wikipedia 

"Foi"...

Crédito: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios

O 'atentado' à natureza foi por muitos dias chamado de acidente, na tentativa de convencer às pessoas de que fatalidades assim acontecem. 'Fatalidade', outra palavra que denota ausência de culpado. É assim que boa parte da mídia manipulada e manipuladora tratou o evento.

A água limpa, cheia de vida, um bioma inteiro, complexo, completamente extinto, completamente levado pela lama, que imponente, cobriu a esperança de milhares de pessoas, moradores das cidades agraciadas com o que um dia fora a bacia hidrográfica do rio doce.

Podia dizer que perdemos o rio doce, mas 'perdemos', é outra palavra que 'tira o dela da reta'. O Rio Doce foi tirado de nós. O estado de calamidade das regiões afetadas, seja pela enxurrada de lama ou pela falta de água mobilizou pessoas de vários lugares, preenchendo rapidamente as necessidades das pessoas afetadas. Não dá pra se colocar no lugar de uma pessoa que perdeu sua casa, perdeu seus filhos, seu marido, sua esposa. Não dá pra se colocar no lugar de uma pessoa que perdeu sua vida. Não dá pra se colocar no lugar de uma criança que teve seus sonhos, seus planos e ambições, levados pela lama.

Crédito: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios

Enquanto os chefões decidem sobre multas, sobre punições, as criaturas que ali viviam, se debatem na superfície, asfixiadas em seu habitat natural, tentando desesperadamente, encontrar a paz que tinham segundos antes de serem cobertos de lama e metal. E as espécies únicas que possivelmente esse bioma abrigava? Qual parte do dinheiro vai fazer o Rio Doce voltar ao que era antes? Não é isso que importa? Não. Isso na verdade é o que eles querem que você pense que importa.

O capitalismo é um loop sem fim, um loop que fere, que mata, que pune, que perdoa. O que decide quem será ferido, quem será morto, quem será punido ou perdoado é aquilo que o move. O capital. É muito fácil condenar a Samarco, quando desconsideramos a verdade. Que a Samarco somos nós, a representação crua e cruel da sociedade em que vivemos. Por isso não basta apontar o culpado. Na verdade, o essencial é descobrir que culpa cada um de nós, na sociedade em que vivemos, temos com relação a isso.

“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado opressor.” - Desmond Tutu.

Crédito: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios

O que gerou o rompimento da barragem foi negligência, os rejeitos de mineração são a prova de uma ganância que resultou em mortes e destruição. O que causou esse desastre de fato, foi o dinheiro. Como consertar os erros de uma catástrofe de tamanha proporção? Dinheiro. Essa última pode ser traduzida: "Como fazer as pessoas esquecerem uma catástrofe de tamanha proporção? Dinheiro."
Foi assim e sempre será enquanto o dinheiro for causa e solução. É um loop. Um loop que eu faço parte, um loop que você faz parte. Até quando vamos ver a natureza ser esmagada pra preencher nossos vazios mesquinhos e egoístas?

Será que vamos esperar a lama cair nos nossos olhos, pra conseguirmos ver?

O Rio Doce já era, não tem mais volta. Uma riqueza natural corrompida pelas mãos de uma empresa cega pela ganância. Um prejuízo irreversível para o planeta, para todos nós.

Quanto vale uma vida?

Quanto... VALE?












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